A liderança é uma de suas especialidades. Duas características dividem os filhos de Oxaguian: Uns são amigos das intrigas, são orgulhosos, se acham os melhores , são faladores. Outros são voltados para a família, calmos e guardam segredos para si, mas todos são teimosos ou como eles próprios dizem determinados.
Na verdade são duas faces de Oxaguian, numa delas estão os filhos que carregam a espada e os outros, os mais calmos carregam a mão de pilão.
Os filhos de Oxaguian são valentes, guerreiros, combativos, geniosos, intuitivos , são instáveis, têm caráter romântico e são sensuais. Os filhos de Oxaguian não desprezam o sexo e cultivam o amor livre.
Além destas características, são alegres, gostam profundamente da vida, são faladores e brincalhões. Ao mesmo tempo são idealistas, defensores dos injustiçados, dos fracos e dos oprimidos.
Frequentemente são Orgulhosos, sedentos de feitos gloriosos.
Oxaguian é um jovem guerreiro combativo, seus filhos são habitualmente altos, esguios, eventualmente robustos, mas não são agressivos ou brutais.
Os filhos de Oxaguian são ciumentos e detestam concorrência. São criativos, generosos, inteligentes, sábios e justos. Em seu aspecto negativo porém, são também lentos, mandões, teimosos e podem ser violentos.
Itando nascimento. Nasceu dentro de uma concha de caramujo. Não tinha mãe. E quando nasceu, não tinha cabeça, por isso perambulava pelo mundo, sem sentido e sem rumo. Um dia encontrou ORI numa estrada e este lhe deu uma cabeça feita de inhame pilado. Apesar de feliz com sua nova cabeça branca, ela esquentava muito, e quando esquentava Oxaguiã criava mais conflitos. E sofria muito. Um dia encontrou a morte que lhe ofereceu uma cabeça fria. Apesar do medo que sentia, o calor era insuportável, e ele acabou aceitando a cabeça preta que a morte lhe deu.
Mas essa cabeça era dolorida e fria demais. Oxaguiã ficou triste, porque a morte com sua frieza estava o tempo todo com o orixá.
Então Ogum apareceu e deu sua espada para Oxaguiã, que espantou Iku. Ogum também tentou arrancar a cabeça preta de cima da cabeça branca, mas tanto apertou que as duas se fundiram e Oxaguiã ficou com a cabeça azul, agora equilibrada e sem problemas. A partir deste dia ele e Ogum andam juntos transformando o mundo. Oxaguiã depositando o conflito de idéias e valores que mudam o mundo e Ogum fornecendo os meios para a transformação, seja a tecnologia ou a guerra.
O PILÃO DE OXAGUIÃN
Chegou
ao ponto de inventar o pilão para que fosse preparado seu prato
predileto! Impressionados pela sua mania, os outros orixás deram-lhe um
cognome: Oxaguiã, que significa "Orixá-comedor-de-inhame-pilado", e
assim passou a ser chamado.
Awoledjê,
seu companheiro, era babalawo, um grande adivinho, que o aconselhava no
que devia ou não fazer. Certa ocasião, Awoledjê aconselhou a Oxaguiã
oferecer: dois ratos de tamanho médio; dois peixes, que nadassem
majestosamente; duas galinhas, cujo fígado fosse bem grande; duas cabras cujo leite fosse abundante; duas cestas de caramujos e muitos panos brancos.
Disse-lhe,
ainda, que se ele seguisse seus conselhos, Ejigbô, que era então um
pequeno vilarejo dentro da floresta, tornar-se-ia, muito em breve, uma
cidade grande e poderosa e povoada de muitos habitantes.
Depois
disso Awoledjê partiu em viagem a outros lugares. Ejigbô tornou-se uma
grande cidade, como previra Awoledjê. Ela era arrodeada de muralhas com
fossos profundos, as portas fortificadas e guardas armados vigiavam suas
entradas e saídas.
Awoledjê,
mortificado pelos maus tratos, decidiu vingar-se, utilizando sua magia.
Durante sete anos a chuva não caiu sobre Ejigbô, as mulheres não
tiveram mais filhos e os cavalos do rei não tinham pasto. Elejigbô,
desesperado, consultou um babalaô para remediar esta triste situação.
"Kabiyesi, toda esta infelicidade é consequência da injusta prisão de um
dos meus confrades! É preciso soltá-lo, Kabiyesi! É preciso obter o seu
perdão!"
Awoledjê
foi solto e, cheio de ressentimento, foi-se esconder no fundo da mata.
Elejigbô, apesar de rei tão importante, teve que ir suplicar-lhe que
esquecesse os maus tratos sofridos e o perdoasse.
"Muito
bem! - respondeu-lhe. Eu permito que a chuva caia de novo, Oxaguiã, mas
tem uma condição: Cada ano, por ocasião de sua festa, será necessário
que você envie muita gente à floresta, cortar trezentos feixes de
varetas. Os habitantes de Ejigbô, divididos em dois campos, deverão
golpear-se, uns aos outros, até que estas varetas estejam gastas ou
quebrem-se".
Desde
então, todos os anos, no fim da seca, os habitantes de dois bairros de
Ejigbô, aqueles de Ixalê Oxolô e aqueles de Okê Mapô, batem-se todo um
dia, em sinal de contrição e na esperança de verem, novamente, a chuva
cair.
Por
ocasião das cerimônias em louvor a Oxaguiã, as pessoas batem-se umas
nas outras, com leves golpes de vareta... e recebem, em seguida, uma
porção de inhame pilado, enquanto Oxaguiã vem dançar com energia,
trazendo uma mão de pilão, símbolo das preferências gastronômicas do
Orixá "Comedor-de-inhame-pilado."
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