O Candomblé da Barroquinha foi o primeiro candomblé a funcionar regularmente na Bahia. De origem kêtu-nagô, foi fundado em 1830, por três negras da Costa da Mina, de quem se conhece apenas os nomes africanos: Adêtá (Iyá Dêtá), Iyá Kalá e Iyá Nassô. Batizado de Ilê Iyá Nassô (Casa de Mãe Nassô), o terreiro, hoje conhecido como Candomblé do Engenho Velho ou Terreiro da Casa Branca, deu origem aos três mais famosos terreiros kêtu-nagô da Bahia. Com a morte da Ialorixá Iyá Nassô, o comando do terreiro ficou com a filha de uma das três fundadoras, conhecida por Marcelina, que, por sua vez, tinha duas filhas, duas Maria Júlia: uma Conceição e a outra Figueiredo.
Com a morte de Marcelina, as duas passaram a disputar a chefia do terreiro. Venceu Maria Júlia Figueiredo, que já era Mãe Pequena do terreiro e desfrutava de grande prestígio junto aos freqüentadores. A outra Maria Júlia, porém, se afastou, arrendou um terreno no bairro do Rio Vermelho, e ali fundou, com os demais dissidentes, o Ilê Axé Omim Iyá Massê, atual candomblé do Gantois, que recebeu esse nome por causa do proprietário francês. Reza a lenda, que Maria Júlia Conceição levou consigo os axés do Engenho Velho, constituindo-se, portanto, no legítimo herdeiro do candomblé da Barroquinha. O Gantois prosperou e tornou-se internacionalmente conhecido na gestão de Mãe Pulquéria, filha de Maria Júlia Conceição e tia de Maria Escolástica Conceição Nazaré, Mãe Menininha do Gantois, a Ialorixá mais famosa da Bahia
Mas, nessa mesma ocasião, o Ilê Iyá Nassô saiu da Barroquinha e mudou-se para o Caminho do Rio Vermelho e passou a ser conhecido como Terreiro do Engenho Velho ou da Casa Branca, ainda sob o comando de Maria Julia Figueiredo. Com a sua morte, Mãe Sussu (Ursulina) assumiu a direção. Uma nova disputa pelo comando do Ilê Iyá Nassô acontece com a morte de Mãe Sussu. O conflito gira em torno de Ti’Joaquim, um babalorixá baiano, radicado no Recife, e foi liderada por Aninha, que queria que ver o Ti’Joaquim no comando da casa. Prevaleceu, porém, o partido da ordem e quem assumiu o axé foi Tia Massi (Maximiana Maria da Conceição).
Derrotados, a facção liderada por Aninha deixou o terreiro e fundou um candomblé independente, o Ilê Axé Opô Afonjá, sob a direção de Ti’Joaquim, que quando morreu, passou a liderança da casa para a própria Aninha (Eugênia Ana Santos) que o conduziu até 1938. Hoje o Opô Afonjá é comandado pela famosa mãe-de-santo Stella de Oxossi.
Nenhum comentário:
Postar um comentário